segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Um bom resto de continuação

Já tinha acabado de jantar, já tinha pedido a conta, já tinha pago e quando me preparava para ir embora o dono do restaurante diz-me, muito simpaticamente: "um bom resto de continuação".
O meu cérebro até chocalhou! Um bom resto? De quê? De Continuação? De continuação de quê? De um bom resto? Fiquei tão aparvalhado que só pensava: e o que é que eu respondo a isto? "Boa noite"? Pareceu-me fraco mas não me ocorreu nada melhor: - "Boa noite"!
Já a caminho do carro eu só pensava: ora aqui está um bom "tema de assunto" um "estilo de género" de conversa que eu gosto. O ser humano não pára de me surpreender! Por isso, a todos aqueles que lerem este desabafo e queiram ser simpáticos com alguém e não saibam o que fazer mas que sintam necessidade de dizer qualquer coisa, mesmo que não percebam o que estão a dizer, aqui fica o meu desejo : não um bom, mas um ENORME "RESTO DE CONTINUAÇÃO".
Ah, e já agora: "SAÚDINHA, DA BOA"!!!

Depois dos 50...

Quando eu era puto achava que os meus pais iam morrer quando tivessem 50 anos. Aos 50 anos as pessoas eram velhas e morriam, ponto final. Para mim isso fazia sentido e, na minha ingenuidade, era isso mesmo que iria acontecer. Felizmente estava enganado e os meus pais viveram bastante mais e deveriam ter vivido ainda mais e bem o mereciam, por eles, e também por mim. Neste momento tenho 54 anos e penso que esta forma cronológica de quantificar a vida de uma pessoa através de números, que nunca são menores que os anteriores, é completamente injusta. Eu tenho a certeza de que durante o dia de amanhã, por exemplo, vou ter atitudes que poderiam ser catalogadas com quantias bastante inferiores às que me são atribuídas pelo bilhete de identidade. O facto de estar a esta hora a escrever isto, neste Blog, daria direito a um desconto na numeração que me é atribuída. E digo “atribuída” porque eu nunca fui chamado a pronunciar-me sobre este assunto. Nem eu nem ninguém. Fazem referendos sobre tanta coisa e nunca fizeram um referendo a perguntar se concordávamos com a idade que nos é constantemente “atribuída”, por um calendário que ninguém sabe exactamente quem é que fez (e existem vários) e que, cruelmente, não tem em conta a intemporalidade, ou até mesmo, a vontade do ser humano. Eu sempre duvidei da Matemática. Verdade seja dita, a Matemática também sempre duvidou de mim, mas então quando toca à simples numeração da vida confesso que me faz duvidar da sua utilidade. Gosto, por exemplo, e acho que não sou o único, da Numeração Romana. Estão a ver qual é: aquela que se dá muito bem em monumentos históricos e estátuas e que também dá para ordenar os Papas, embora eles no Vaticano tenham outras regras e, às vezes, os nomes e os números sejam arrumados de outra maneira, que só eles lá é que sabem. Mas eles também no fundo são Romanos. E gosto porque a maioria das pessoas que vê um número romano nunca sabe bem o que é que as letras valem, talvez porque esses conjuntos de letras formam palavras que, na altura, foram traduzidas para português numérico, o que desde já a malta agradece, mas por pessoas que não sabiam nada de Matemática e que no fundo só andaram a perder o Latim.
Isto tudo para dizer o quê?
1) Enganei-me (eu era puto). Afinal, há vida para além dos 50 (L, em Romano).
2) Este ano, não vou fazer 55. Recuso-me. Se fizer é LV (não confundir com o LCXXIII, dos Passes Sociais).
3) Se fizer anos, faço no dia 6 ("VI", em Romano e que, traduzido directamente para português, quer dizer que ainda há gente que quando quer, vê).

Os Romanos eram muito à frente.Só não tinham era HIV (HI5, em português, não é o vírus).